quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

ENCANTADA - TIO MOA x HUMBERTO LARAIA


Alô alô, galera de responsa, qual é a transa?
Alô alô, malungos pernambucanos, qual é a transa?
Alô alô, sobrinhos do Tio Moa que levaram pito da tia, qual é a transa?
Alô alô, visitantes do Google que acharam que iam encontrar algo útil neste blógui, qual é a transa?
Alô alô, mestre Aguilar e performáticos 30 anos depois, qual é a transa?

O menino de Minha Nada Mole Vida (deliciosa e engraçadíssima série global) está com a recepcionista do lado de fora do quarto e ouve o pai e a namorada arfando, gemendo e “etceterando” no quarto e pergunta à moça o que eles estão fazendo no quarto. Ela, constrangida, responde que devem estar coçando as costas um do outro. O moleque emenda: se estão fazendo esse barulho coçando as costas, imagina quando estiverem transando?

Alô alô, galera do Cobra Parada que espera ansiosamente a continuação da odisséia, qual é a transa?

A transa é que acabaram-se as férias, período em que somos obrigados a ser felizes, como se estivéssemos na Disney, ou como se a vida fosse um facebook. Mas há férias que realmente nos fazem felizes, e este foi o caso das que desfrutou o signatário deste humilde blógui lido por milhões de pessoas em todo o mundo... Sei que muitas pessoas abriam este blógui de hora em hora, quando não de minuto em minuto, na esperança de ter uma nova postagem que lhes trouxesse um novo ar e mais cor em suas vidas. A essas pessoas, na esperança de que tenham sobrevivido à ausência de postagens, peço minhas humildes desculpas. Prometo recompensá-las, neste pôsti, com a tão sonhada luz, com alegria, encantamento e fantasia.

Minha confiança vem do fato de, ao abrir a porta, um vento novo ter afastado daqui deste blógui o mau humorado, o cético, o eremita Humberto Laraia. Mas antes de sair pela porta dos fundos ele me alertou, com aquela voz de Clint em Gran Torino que me soou como uma maldição, que sem ele, os pôstis seriam insuportavelmente otimistas, excessivamente fantasiosos, carregados de exagerada falsa alegria, enfim, mais estúpidos que uma palestra motivacional.

Acho que Humberto Laraia nunca viu um filme da Disney quando pequeno. Nunca viu A Bela Adormecida, Branca de neve, Peter Pan, Cinderella, Bambi, A Dama e o Vagabundo e os outros clássicos da Disney. Deve ter visto só Sindicato de Ladrões, O Vampiro de Dusseldorf, Cidadão Kane, Laranja Mecânica, Meu Ódio será sua Herança. Aí ficou revoltado. Isso o embruteceu e congelou seu coração. Nem Os Brutos Também Amam ele deve ter assistido. Não acho que ele tenha razão, os pôstis não ficarão estúpidos sem ele. Pelo contrário, os pôstis, a começar por este, e isso parece ser inevitável, serão aplaudidos, ganharão o mundo e embora não seja nada disto que eu procure, me trarão sucesso, dinheiro e mulheres, nessa ordem, é claro.

Tanta é minha confiança, que vou deixar a avaliação para ser feita pelos leitores... Bem... talvez não seja bom... Já sei: mais prático, simples e justo será deixar a avaliação para um só leitor, representando todos os demais. A esmo, eu escolho a Fernanda, uma conhecida, amiga em segundo grau de uns amigos, para, representando todos os outros leitores, se pronunciar sobre a extrema beleza e qualidade, ou, caso esteja na TPM, a suposta estupidez do pôsti.

Vamos lá, então, apressado e impaciente leitor: o pôsti (“até que enfim”, dirá você) começa aqui. O tema é o encantamento, a fantasia e o amor (teria já começado no primeiro parágrafo?)

Já te aconteceu, caro (ou barato – sejamos universais) leitor, de você se encantar por alguém durante uma conversa? Já teve você, que prefere as mulheres, a oportunidade de se apaixonar por uma mulher ao longo da primeira conversa? Ficar olhando para ela e, a cada frase, a cada pausa, a cada olhar, ela, como que por encantamento, ficar cada vez mais linda, mais perfeita, mais iluminada? Já sentiu uma mulher se transformar, bem na sua frente, em uma princesa dos filmes da Disney? Ah, a maioria certamente sim, mas não se deprima se isso nunca tiver ocorrido com você. De repente você nunca viu um filme da Disney.

Para você, recomendo fortemente assistir “Encantada”, que é como uma síntese de todos. Sem essa de “ah, não, filme infantil não”, “filminho da Disney? Já passei dessa”. Se passou dessa, morreu e morto não lê blógui (este blógui, que eu saiba, ainda não é lido lá embaixo. Sim, “lá embaixo”, ou você acha que se não gosta de filmes da Disney vai prá cima quando não puder mais ler blóguis nem dar aquela respiradinha de todo dia?).

“Encantada” começa com um desenho animado tradicional, com castelo, uma linda e jovem mulher do povo, que sonha em conhecer o homem ideal que lhe dê um beijo de amor verdadeiro. Tem lá o príncipe, belo e justo. Tem os lindos, amáveis e limpos bichinhos (coelho, veado, esquilo, borboletas e passarinhos do bem) que ajudam a linda e jovem futura princesa a se vestir e a arrumar a casa. Tem o lacaio da rainha e, é claro, a própria, que se transforma em velhinha amável para empurrar a linda e jovem pretendida para dentro de um poço sem fim, para que ela não se case com seu filho.

O problema é que a ex-possível-futura princesa, ao chegar literalmente ao fundo do poço, sai, por um bueiro de rua, bem no meio da encruzilhada do mundo, a Times Square. E sai viva, quero dizer, em carne, não como animação, mas como pessoa, como eu e você, na essência, não na forma, afinal, quem sai de lá é a Amy Adams, em carne (por sinal, de qualidade bastante razoável) e osso, embora estes não vejamos, apenas intuímos que existam para sustentar tamanha formosura. A princesa do desenho animado se transforma em gente e aparece na Nova York atual.

E nisso o filme navega: a princesa, que, como eu na discussão com Laraia, é otimista e amável, vive no faz-de-conta, pensa tudo em termos de desenho animado. Ela é salva da noite escura de NY por um advogado novaiorquino cético e mal-humorado como Humberto Laraia.

Encantada traz referências de todos os grandes clássicos da Disney, que citei lá em cima, mas escapa da armadilha de se transformar em colagem. Faz homenagem ao cinema, aos filmes de fantasia, à nossa infância, mas tem autonomia, unidade, coerência e ênfase, como diria a magnífica professora Maria Ervilha. Mexe com todos os nossos referenciais, quase atávicos, de sonho, poesia e encantamento. Mas é moderno, atual, além de criativo e engraçado. Só algumas provas:

1. Giselle de Andalásia (Amy Adams) acorda na sala do apartamento do cara, vê que está uma bagunça, abre a janela e canta, chamando os bichinhos para ajudá-la a dar uma geral na casa. Bom, em Nova York não tem aqueles bichinhos lindinhos dos desenhos; só tem ratos, baratas, pombos e moscas. Adivinhem quem vem para limpar a casa? Quando o cara acorda ainda vê duas pombas colocando a toalha em Giselle, que sai do banho (sobrinhos do Tio Môa– não todos, é claro: dá prá ver umas partes legais do corpo dela – sugiro que dêem uma pausa e coloca bem lento).

2. Susan Sarandon é a rainha malvada. UAU!!!

3. Amy Adams vale o filme. Está incrível e convincente o tempo todo. É encantadora, carismática e excelente atriz de comédia, que na verdade é que o filme é: uma comédia romântica.

4. O número musical feito no Central Park é inusitado, maravilhoso, antológico e por si só já valeria todo o filme.


5. Toda os filmes que amamos desde pequenos estão lá. Aqueles que assistimos quando pequenos, que re-assistimos com nossos filhos e que ainda vamos assitir com nossos netos.

Com quem Amy ficará? Com o advogado mal humorado ou com o apaixonado príncipe que também veio em carne e osso para NY? O que escolher? O planejado seguro ou o arrebatador e arriscado? A fantasia ou a realidade? Eu não tenho a menor idéia de o que fazer. Como escolher entre fantasia e realidade se nem consigo distinguir uma da outra? Só sei que, por mim, eu agarraria uma princesa que passasse em frente de casa.

Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay. E sempre tem alguma tentando nos ferrar, nos atrapalhar no trabalho, nos afastar da princesa por quem estamos apaixonados. Sorte que existem os maravilhosos filmes da Disney, que nos ensinam que nada é impossível. Felizmente existe o Marcio Greyck, que tão bem cantou que o mais importante é o verdadeiro amor. É provável que alguém que só veja Disney se torne um crédulo chato, mas não ver Disney é um baita desperdício!

“A fantasia, pode ir até onde ela for. O amor é a força motriz e a certeza de que se pode voltar da viagem. O real é rígido, sem liberdade; não é de verdade; parece "faz de conta".” Flávio Gikovate


Toc toc toc. Uau, a porta!!! Dever ser ela... Saio em desabalada carreira e abro, escancaro a porta: "Ah, não, que merda!"

- Achou mesmo que eu ia embora? Ráaaa rá rá rá rá.... (longa risada sinistra)

"Bateram na porta, eu fui atender, ingênuo que sou... Tarde demais... Mas foi o seu nome que me fez abrir a porta. Maldição!" (Itamar Assumpção)
Blog Widget by LinkWithin