domingo, 8 de março de 2015

FILMES PARA O DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Dia Internacional da Mulher me parece uma grande bobagem. O Dia, não é mulher, é óbvio. Que fiquem tranquilos os que detestam chavão: morro mas não falo que o dia da mulher são todos os dias.

Tudo bem, entendo que criaram esse Dia porque houve um tempo em que precisou. Ok, talvez ainda precise, a contar pelos salários, cargos, ocorrências policiais e comportamento geral de zilhões de homens. Só que não sei se ajuda: por exemplo, o Dia Internacional ajuda as mulheres a aumentar a autoestima ou os homens a diminuir sua estupidez? Será que o Dia representa algo além de uma ocasião para dar flores e fazer postagens fofas dando uma de gentil com as mulheres? Ops, auto-denúncia!

De qualquer forma, segue minha homenagem, com uma pequena lista de filmes em que as mulheres botam pra quebrar. Evitei os óbvios, ainda que sensacionais, como Kill Bill (Tarantino) ou Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos (Almodóvar) – se bem que agora, ao citá-los, acabo de não evitá-los. Tudo bem, espetaculares. Então lá vão os outros.

Trilogia Millennium – Qualquer um da trilogia, mas no primeiro, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (Niels Arden Oplev – 2009 – a versão original sueca é melhor), Lisbeth Salander, a melhor personagem feminina deste século, detona em pilotagem, investigação, vingança, tecnologia, tatoo e ainda por cima é ela que salva o homem e ainda termina o filme triunfalmente, jogando no lixo o presente que daria para ele.

Bola de Fogo (Howard Hawks – 1941) – Barbara Stanwick precisa se esconder de seu namorado, um gangster, e se mete numa casa com oito homens trancados numa missão de escrever uma enciclopédia, um deles o linguista careta interpretado por Cary Grant. O que ela faz com os oito? Só vendo. Comédia Romântica de primeira.

Levada da Breca (Howard Hawks – 1938) – De novo HH, mas o que fazer, se o cara adorava dar poder às mulheres em plenos anos 30/40. Aqui Katharine Hepburn faz e acontece com o aparvalhado Cary Grant porque, assim que o conheceu, resolveu que se casaria com ele, apesar de ele estar noivo. Será que ela consegue? Mulheres...

O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e o Amante (Peter Greenaway – 1989) – Helen Mirren aguenta calada as grosserias do marido, um insuportavelmente machista gangster dono de restaurante – calada, mas adornando a cabeça do marido, mui justamente. Até que ele descobre e resolve agir, provocando a vingança da mulher, a mais espetacular vingança feminina da história do cinema, que fecha o filme. A concepção visual e musical do filme é delirante (figurinos de Jean Paul Gautier)

Beija-me Idiota (Billy Wilder – 1964) – Delirante comédia sobre um casal de uma pequena cidade do interior – ele, um compositor feioso e ela, a mulher mais bonita da cidade. Como não ser ciumento? E se, ainda por cima, um galã, um astro da música e ídolo da esposa, cai de paraquedas na cidade e fica hospedo na casa deles? Comédia delirante e ousadíssima, em que a esposa, no início “boazinha”, resolve tomar a frente e dar as cartas.

Janela Indiscreta (Hitchcock – 1954) – O suspense é de tirar o fôlego, mas a impressão que tenho é que tudo aquilo é pano de fundo para falar do jogo de aparências, estabelecido pelo confronto entre o machista fotógrafo aventureiro, preso em seu quarto com a perna engessada, e a namorada Grace Kelly, riquinha, socialite e fútil, segundo ele. O domínio da trama do suspense, tipicamente masculina, pela “dondoca” é algo a se pensar...

Bagdad Café (Percy Adlon – 1987) – Uma senhorinha alemã meio obesa é abandonada pelo marido em viagem turística aos Estados Unidos. Sozinha, arrastando a mala numa estrada no meio do deserto, ela encontra um posto detonado com um café, o Bagdad, comandado por uma mulher casada com um imprestável. Ela cuida do posto, do café, do hotel e dos filhos sozinha. Juntas elas transformam o lugar e mandam os respectivos às favas.


Ser Ou Não Ser (Ernst Lubitsch – 1942) – Em plena guerra mundial, Lubitsch resolveu misturar arte e guerra e fez essa comédia espetacular sobre os esforços de um grupo de teatro para impedir que os Nazistas descubram os segredos da Resistência polonesa. O casal de atores principais toma a frente – ele, um charlatão egocêntrico e narcisista e ela, uma ótima atriz que dá suas escapadinhas por não suportar o pentelho do marido. O final da cena final é uma das melhores piadas da história do cinema. Mulheres 10 a 0.

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