segunda-feira, 5 de novembro de 2012

9,5 RAZÕES PARA VER 007 - SKYFALL



1.            1. O filme homenageia os 50 anos de James Bond no cinema. E homenageia em grande estilo. A série, que está no vigésimo terceiro filme, inventou a modernidade, inaugurou um estilo, ditou moda. Você vai ser Mané de ficar fora dessa?
2.   A cena de abertura: enche os olhos de quem gosta e de quem não gosta de cenas de ação, como é o meu caso. Não que eu não goste por definição; o problema é que na maioria dos filmes, as cenas de ação são enjoativas: de tantos cortes, a gente não vê quase nada, uma imagem mal chega a cristalizar na retina e o corte já traz outro ponto de vista, num truque para dar a sensação de ação. Ou seja, a ação é mais da câmera, ou da montagem do que da cena. Não é o que acontece na primeira cena de Skyfall, onde a câmera, às vezes se aproxima, mas também se afasta, deixando-nos ver a ação com mais clareza. Destaque para delirante perseguição com motos sobre telhados e para o final da cena, que nos traz, veja só que diferente para cena de ação: um dilema moral.

3.   Os créditos iniciais: depois da cena inicial de tirar o fôlego, vem a abertura do filme, os créditos. É uma obra de arte. Embora fiel ao estilo das melhores aberturas da série, a abertura de Skyfall moderniza, atualiza e reinventa, tudo com extremo bom gosto estético e uma música de arrepiar. Um primor. Extasiado, tive vontade de gritar “para tudo!”, sair do cinema, pagar outro ingresso e voltar para ver o resto do filme. Deviam cobrar um ingresso só para os créditos...
4.   Vilão - Javier Barden: A concepção do vilão Raul Silva também respeita o estilo dos filmes 007, mas não me lembro de algum dos vilões ter sido tão complexo. Barden, desculpem-me por não conseguir encontrar outra expressão, é fóda! O cara faz de tudo: comédia, drama, bandido, vilão. Sempre arrasa, mas talvez aqui mais do que antes. Seu Raul Silva já é um vilão antológico.




5.   Visual: As locações como a da cena inicial, em Istambul, ou da sequência final, um vale úmido no interior da Escócia, são maravilhosas. A ilha onde o vilão se esconde é espetacular. Além de agradável aos olhos, a concepção visual, locações e cenários dialogam com as cenas e, ao contrário de cansar os olhos, a variação de tons e temperatura os refrescam.

6.   Não é só ação: Alguns críticos e amantes de “cenas de ação” reclamaram que só há ação na primeira e na última cena. De certa forma eles têm razão. Só que é isso que torna o filme melhor, mais rico. Porque filme com “cenas de ação” o tempo todo, convenhamos, é chato demais. Imagino que os leitores com bom índice de utilização de massa cefálica entenderam as aspas em “cenas de ação”. O importante é que entre a primeira e a última cena do filme há vida, há cinema, há, inclusive, ação. Parêntese sobre cenas de perseguição: Willian Friedkin (diretor de “O Exorcista”) talvez seja o melhor diretor de cenas de perseguição. As de “Operação França” e “Viver e Morrer em Los Angeles” são antológicas.
7.   O tema principal, que não é o roubo, pelo vilão revoltado, dos arquivos com os nomes dos agentes e a consequente morte destes. Sam Mendes, de Beleza Americana, que não é um diretor de filmes de ação, fez um filme cheio de camadas de significação, um filme cujo tema principal é mais o homem a procura de si mesmo do que à procura do vilão; é Bond cinquentão, sei o que é isso, questionando sua vida, seus valores e sua missão. De quebra, Mendes aproveita a para fazer meta-cinema e questionar a própria validade e a energia da série James Bond. A resposta fica para o expectador.

8.   O filme brinca com a série: Nessa esteira, o filme, espirituoso, faz, lá, aqui e acolá, brincadeiras com a série, como aquela com os artefatos tecnológicos ou, a melhor, com o carro mais glamouroso de todos os tempos: o Aston Martin DB5, usado por James Bond no 007 Contra Goldfinger, de 1964 (olha o carro na foto aí em cima). Até o vilão sabe da importância do carro para o personagem James Bond e para a série. Mais uma curiosidade importantíssima: há dois ou três anos, uma publicação lançou as miniaturas de todos os carros da série. Adivinha qual foi o único modelo que comprei e que tenho na estante...
9.   Atualização crítica: Sabe quando aparece algum recado no seu micro recomendando uma atualização, classificada como crítica? Pois é, os produtores devem ter achado que o 007 precisava de uma atualização e tiveram a genial ideia de chamar um diretor ligado a temas mais sensíveis, mais humanos, um diretor mais crítico. E Sam Mendes parece ter acertado: extrapolou a elegância do personagem para a filmagem, elaborada com mais suavidade e beleza e deu uma nova perspectiva à série, embora mantendo sua essência e até destacando-a mais do o fez a maioria dos últimos 007, que se limitaram a repetir o que talvez nunca tenha sido o mais importante. Alguns reclamaram da falta de elementos originais da série. Sim, Mendes tirou alguma coisa... Mas a gaivota não quebra seu bico e suas unhas para se revigorar? Ou seria a pomba? Quem sabe a águia... Bem, o fato é que não se faz um ovo frito sem quebrar a gema...
9,5. Eu recomendo.  

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