Alô alô, galera de responsa,
qual é a transa?
Alô alô, malungos
pernambucanos, qual é a transa?
Alô alô, sobrinhos do Tio Moa
que levaram pito da tia, qual é a transa?
Alô alô, visitantes do Google
que acharam que iam encontrar algo útil neste blógui, qual é a transa?
Alô alô, mestre Aguilar e
performáticos 30 anos depois, qual é a transa?
O menino de Minha Nada Mole
Vida (deliciosa e engraçadíssima série global) está com a recepcionista do lado
de fora do quarto e ouve o pai e a namorada arfando, gemendo e “etceterando” no
quarto e pergunta à moça o que eles estão fazendo no quarto. Ela, constrangida,
responde que devem estar coçando as costas um do outro. O moleque emenda: se
estão fazendo esse barulho coçando as costas, imagina quando estiverem transando?
Alô alô, galera do Cobra
Parada que espera ansiosamente a continuação da odisséia, qual é a transa?
A transa é que acabaram-se as
férias, período em que somos obrigados a ser felizes, como se estivéssemos na Disney, ou como se a vida fosse um
facebook. Mas há férias que realmente nos fazem felizes, e este foi o caso das que
desfrutou o signatário deste humilde blógui lido por milhões de pessoas em todo
o mundo... Sei que muitas pessoas abriam este blógui de hora em hora, quando não
de minuto em minuto, na esperança de ter uma nova postagem que lhes trouxesse
um novo ar e mais cor em suas vidas. A essas pessoas, na esperança de que
tenham sobrevivido à ausência de postagens, peço minhas humildes desculpas.
Prometo recompensá-las, neste pôsti, com a tão sonhada luz, com alegria,
encantamento e fantasia.
Minha confiança vem do fato
de, ao abrir a porta, um vento novo ter afastado daqui deste blógui o mau
humorado, o cético, o eremita Humberto Laraia. Mas antes de sair pela porta dos
fundos ele me alertou, com aquela voz de Clint em Gran Torino que me
soou como uma maldição, que sem ele, os pôstis seriam insuportavelmente otimistas,
excessivamente fantasiosos, carregados de exagerada falsa alegria, enfim, mais
estúpidos que uma palestra motivacional.
Acho que Humberto Laraia nunca
viu um filme da Disney quando pequeno. Nunca viu A Bela Adormecida, Branca de
neve, Peter Pan, Cinderella, Bambi, A Dama e o Vagabundo e os outros clássicos
da Disney. Deve ter visto só Sindicato de Ladrões, O Vampiro de Dusseldorf,
Cidadão Kane, Laranja Mecânica, Meu Ódio será sua Herança. Aí ficou revoltado. Isso
o embruteceu e congelou seu coração. Nem Os Brutos Também Amam ele deve ter
assistido. Não acho que ele tenha razão, os pôstis não ficarão estúpidos sem
ele. Pelo contrário, os pôstis, a começar por este, e isso parece ser inevitável,
serão aplaudidos, ganharão o mundo e embora não seja nada disto que eu procure,
me trarão sucesso, dinheiro e mulheres, nessa ordem, é claro.
Tanta é minha confiança, que
vou deixar a avaliação para ser feita pelos leitores... Bem... talvez não seja
bom... Já sei: mais prático, simples e justo será deixar a avaliação para um só
leitor, representando todos os demais. A esmo, eu escolho a Fernanda, uma conhecida,
amiga em segundo grau de uns amigos, para, representando todos os outros
leitores, se pronunciar sobre a extrema beleza e qualidade, ou, caso esteja na
TPM, a suposta estupidez do pôsti.
Vamos lá, então, apressado e
impaciente leitor: o pôsti (“até que enfim”, dirá você) começa aqui. O tema é o
encantamento, a fantasia e o amor (teria já começado no primeiro parágrafo?)
Já te aconteceu, caro (ou
barato – sejamos universais) leitor, de você se encantar por alguém durante uma
conversa? Já teve você, que prefere as mulheres, a oportunidade de
se apaixonar por uma mulher ao longo da primeira conversa? Ficar olhando para ela
e, a cada frase, a cada pausa, a cada olhar, ela, como que por encantamento, ficar
cada vez mais linda, mais perfeita, mais iluminada? Já sentiu uma mulher se
transformar, bem na sua frente, em uma princesa dos filmes da Disney? Ah, a
maioria certamente sim, mas não se deprima se isso nunca tiver ocorrido com
você. De repente você nunca viu um filme da Disney.
Para você, recomendo
fortemente assistir “Encantada”, que é como uma síntese de todos. Sem essa de “ah, não, filme infantil não”, “filminho da Disney?
Já passei dessa”. Se passou dessa, morreu e morto não lê blógui (este blógui,
que eu saiba, ainda não é lido lá embaixo. Sim, “lá embaixo”, ou você acha que se
não gosta de filmes da Disney vai prá cima quando não puder mais ler blóguis
nem dar aquela respiradinha de todo dia?).
“Encantada” começa com um
desenho animado tradicional, com castelo, uma linda e jovem mulher do povo, que
sonha em conhecer o homem ideal que lhe dê um beijo de amor verdadeiro. Tem lá
o príncipe, belo e justo. Tem os lindos, amáveis e limpos bichinhos (coelho,
veado, esquilo, borboletas e passarinhos do bem) que ajudam a linda e jovem futura
princesa a se vestir e a arrumar a casa. Tem o lacaio da rainha e, é claro, a
própria, que se transforma em velhinha amável para empurrar a linda e jovem
pretendida para dentro de um poço sem fim, para que ela não se case com seu
filho.
O problema é que a
ex-possível-futura princesa, ao chegar literalmente ao fundo do poço, sai, por
um bueiro de rua, bem no meio da encruzilhada do mundo, a Times Square. E sai
viva, quero dizer, em carne, não como animação, mas como pessoa, como eu e você,
na essência, não na forma, afinal, quem sai de lá é a Amy Adams, em carne (por
sinal, de qualidade bastante razoável) e osso, embora estes não vejamos, apenas
intuímos que existam para sustentar tamanha formosura. A princesa do desenho
animado se transforma em gente e aparece na Nova York atual.
E nisso o filme navega: a
princesa, que, como eu na discussão com Laraia, é otimista e amável, vive no
faz-de-conta, pensa tudo em termos de desenho animado. Ela é salva da noite
escura de NY por um advogado novaiorquino cético e mal-humorado como Humberto
Laraia.
Encantada traz referências de
todos os grandes clássicos da Disney, que citei lá em cima, mas escapa da
armadilha de se transformar em
colagem. Faz homenagem ao cinema, aos filmes de fantasia, à
nossa infância, mas tem autonomia, unidade, coerência e ênfase, como diria a
magnífica professora Maria Ervilha. Mexe com todos os nossos referenciais,
quase atávicos, de sonho, poesia e encantamento. Mas é moderno, atual, além de criativo
e engraçado. Só algumas provas:
1. Giselle de Andalásia (Amy
Adams) acorda na sala do apartamento do cara, vê que está uma bagunça, abre a
janela e canta, chamando os bichinhos para ajudá-la a dar uma geral na casa. Bom,
em Nova York
não tem aqueles bichinhos lindinhos dos desenhos; só tem ratos, baratas, pombos
e moscas. Adivinhem quem vem para limpar a casa? Quando o cara acorda ainda vê
duas pombas colocando a toalha em Giselle, que sai do banho (sobrinhos do Tio Môa–
não todos, é claro: dá prá ver umas partes legais do corpo dela – sugiro que dêem
uma pausa e coloca bem lento).
2. Susan Sarandon é a rainha malvada. UAU!!!
3. Amy Adams vale o filme. Está incrível e convincente o tempo todo. É encantadora, carismática e excelente atriz de comédia, que na verdade é que o filme é: uma comédia romântica.
4. O número musical feito no
Central Park é inusitado, maravilhoso, antológico e por si só já valeria todo o
filme.
5. Toda os filmes que amamos
desde pequenos estão lá. Aqueles que assistimos quando pequenos, que re-assistimos
com nossos filhos e que ainda vamos assitir com nossos netos.
Com quem Amy ficará? Com o advogado
mal humorado ou com o apaixonado príncipe que também veio em carne e osso para
NY? O que escolher? O planejado seguro ou o arrebatador e arriscado? A fantasia
ou a realidade? Eu não tenho a menor idéia de o que fazer. Como escolher entre
fantasia e realidade se nem consigo distinguir uma da outra? Só sei que, por
mim, eu agarraria uma princesa que passasse em frente de casa.
Yo no creo en brujas, pero
que las hay, las hay. E sempre tem alguma tentando nos ferrar, nos atrapalhar
no trabalho, nos afastar da princesa por quem estamos apaixonados. Sorte que
existem os maravilhosos filmes da Disney, que nos ensinam que nada é impossível.
Felizmente existe o Marcio Greyck, que tão bem cantou que o mais importante é o
verdadeiro amor. É provável que alguém que só veja Disney se torne um crédulo chato,
mas não ver Disney é um baita desperdício!
“A fantasia, pode ir até onde ela for. O amor é a força
motriz e a certeza de que se pode voltar da viagem. O real é rígido, sem
liberdade; não é de verdade; parece "faz de conta".” Flávio Gikovate
Toc toc toc. Uau, a porta!!! Dever ser ela... Saio em desabalada carreira e abro, escancaro a porta: "Ah, não, que merda!"
- Achou mesmo que eu ia embora? Ráaaa rá rá rá rá.... (longa risada sinistra)
"Bateram na porta, eu fui atender, ingênuo que sou... Tarde demais... Mas foi o seu nome que me fez abrir a porta. Maldição!" (Itamar Assumpção)