Tudo bem, entendo que criaram esse Dia porque houve um tempo em que precisou. Ok, talvez ainda precise, a contar pelos salários, cargos, ocorrências policiais e comportamento geral de zilhões de homens. Só que não sei se ajuda: por exemplo, o Dia Internacional ajuda as mulheres a aumentar a autoestima ou os homens a diminuir sua estupidez? Será que o Dia representa algo além de uma ocasião para dar flores e fazer postagens fofas dando uma de gentil com as mulheres? Ops, auto-denúncia!
De qualquer forma, segue minha homenagem, com uma pequena lista de filmes em que as mulheres botam pra quebrar. Evitei os óbvios, ainda que sensacionais, como Kill Bill (Tarantino) ou Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos (Almodóvar) – se bem que agora, ao citá-los, acabo de não evitá-los. Tudo bem, espetaculares. Então lá vão os outros.
Trilogia Millennium – Qualquer um da trilogia, mas no
primeiro, “Os Homens que Não Amavam as Mulheres” (Niels Arden Oplev – 2009 – a versão
original sueca é melhor), Lisbeth Salander, a melhor personagem feminina deste
século, detona em pilotagem, investigação, vingança, tecnologia, tatoo e ainda
por cima é ela que salva o homem e ainda termina o filme triunfalmente, jogando
no lixo o presente que daria para ele.
Bola de Fogo (Howard Hawks – 1941) – Barbara Stanwick
precisa se esconder de seu namorado, um gangster, e se mete numa casa com oito
homens trancados numa missão de escrever uma enciclopédia, um deles o linguista
careta interpretado por Cary Grant. O que ela faz com os oito? Só vendo.
Comédia Romântica de primeira.
Levada da Breca (Howard Hawks – 1938) – De novo HH,
mas o que fazer, se o cara adorava dar poder às mulheres em plenos anos 30/40.
Aqui Katharine Hepburn faz e acontece com o aparvalhado Cary Grant porque, assim
que o conheceu, resolveu que se casaria com ele, apesar de ele estar noivo. Será
que ela consegue? Mulheres...
O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e
o Amante (Peter
Greenaway – 1989) – Helen Mirren aguenta calada as grosserias do marido, um insuportavelmente
machista gangster dono de restaurante – calada, mas adornando a cabeça do
marido, mui justamente. Até que ele descobre e resolve agir, provocando a vingança
da mulher, a mais espetacular vingança feminina da história do cinema, que fecha
o filme. A concepção visual e musical do filme é delirante (figurinos de Jean
Paul Gautier)
Beija-me Idiota (Billy Wilder – 1964) – Delirante
comédia sobre um casal de uma pequena cidade do interior – ele, um compositor feioso
e ela, a mulher mais bonita da cidade. Como não ser ciumento? E se, ainda por
cima, um galã, um astro da música e ídolo da esposa, cai de paraquedas na
cidade e fica hospedo na casa deles? Comédia delirante e ousadíssima, em que a esposa,
no início “boazinha”, resolve tomar a frente e dar as cartas.
Janela Indiscreta (Hitchcock – 1954) – O suspense é de
tirar o fôlego, mas a impressão que tenho é que tudo aquilo é pano de fundo
para falar do jogo de aparências, estabelecido pelo confronto entre o machista
fotógrafo aventureiro, preso em seu quarto com a perna engessada, e a namorada Grace
Kelly, riquinha, socialite e fútil, segundo ele. O domínio da trama do suspense,
tipicamente masculina, pela “dondoca” é algo a se pensar...
Bagdad Café (Percy Adlon – 1987) – Uma
senhorinha alemã meio obesa é abandonada pelo marido em viagem turística aos
Estados Unidos. Sozinha, arrastando a mala numa estrada no meio do deserto, ela
encontra um posto detonado com um café, o Bagdad, comandado por uma mulher
casada com um imprestável. Ela cuida do posto, do café, do hotel e dos filhos
sozinha. Juntas elas transformam o lugar e mandam os respectivos às favas.