domingo, 15 de julho de 2012

A DELÍCIA DA VIDA, A DELÍCIA DA VIDA

Ah, essa vida!!! Assim, cheia de exclamação!!!!!! Como é bela a vida. Vou até mandar um daqueles sorrisinhos :)


Sabe o que é? É que descobri que a vida é cheia de altos e baixos. E que não importa onde você esteja, por que tipo de situação que você esteja passando, a verdade é que a felicidade é uma opção que você faz. A vida é uma luta constante. Não é sempre que a gente está por cima, mas temos que valorizar cada instante, porque cada instante é nosso, só nosso. Cada momento da sua vida é único e é só seu. Se hoje você está na pior, está por baixo, use o fundo do poço como base para subir. Quando você está por cima, o que mais vale não é onde você está, mas o esforço que você fez para chegar lá.


Caro leitor contumaz do Cobra Parada, pronto: você está livre para ir ao banheiro. Vá correndo que sei que você deve estar com vontade de vomitar. Enquanto você vomita eu vou me dirigir aos visitantes. Vá tranquilo.


Você, caro visitante, que não sabe bem o que costuma rolar por este insconstante blógui, tem dois caminhos: caso você tenha achado muito legal tudo o que escrevi no começo e tenha se iluminado e pensado “nossa, que legal, é exatamente o que eu penso”, eu o aconselho ferozmente a clicar naquele xis que fica lá em cima e sair deste horrendo e detestável blógui cujo autor não sabe nem escrever blógui direito.
Mas caso você, novato visitante do Cobra Parada, seja uma daquelas pessoas que não engole sapo, e que, ao ler o início pensou “vixi, que coisa chata esse monte de frase feita”,  tente seguir adiante, porque, no mínimo, nós concordamos em alguma coisa.

Pronto, voltaram os seguidores que vomitavam e o Cobra volta a estar em rede nacional.


Voltando ao fundo do poço... sabe o que é o fundo do poço? É o lugar mais nojento que existe. Cheio de baratas, ratos, limbo e escuridão. Quer coisa mais chata que o escuro? No fundo do poço dificilmente você vai comer alguém. Mulher nenhuma quer fazer esse tipo de coisa com quem está no fundo do poço. Aliás, no fundo do poço as posições seriam dificílimas. No fundo do poço não tem um champanhe gelado, nem taças de cristal. Enfim, o fundo do poço é simplesmente o fundo do poço.


A vida ter altos e baixos é a coisa mais injusta que pode existir, porque sempre haverá gente que só fica lá em cima e gente que só fica lá em baixo. Os raros que conseguem subir por esforço próprio, comem o pão que o diabo amassou durante a subida, que muitas vezes dura a vida toda, e a vida pode se acabar ainda na subida.


Subir é péssimo. Bom é estar lá no alto. Quando escalamos uma longa subida, suamos horrores, o peito parece que vai explodir, falta o ar, as pernas doem, fraquejam, parece que a gente nunca vai chegar, a gente fica todo vermelho, enfim, é um inferno, e eu morro de medo do inferno. Por isso acredito em deus, ops, Deus. Vai que Ele existe mesmo e resolve me mandar pro inferno se eu não acreditar nele. Meu medo do inferno é tanto que, por via das dúvidas, optei por fazer sempre o bem. Ou a tentar, é claro, porque o que vale é a intenção.


Tá, tudo bem, tenho minhas dúvidas quanto à sua, digo, Sua existência... Morro de medo do inferno. Eu posso não acreditar muito no céu, mas o inferno, a julgar pelo que vimos na terra, talvez exista mesmo. Entre o céu e o inferno, convenhamos, as chances de existir o inferno é muito mais real, afinal, há muitos indícios por aí. Já o céu, como descrito por quem o descreve, não se costuma ver por aqui, não. Se bem que eu não ia gostar muito do céu se ele fosse mesmo todo cheio de gente vestida com roupinhas claras esvoaçantes, com cabelos de propaganda de shampoo e aquele sorrisinho tatuado na cara, um lugar todo clarinho, cheio de luz. Não ia dar certo comigo: tenho dor de cabeça e fotofobia. Prá mim bastaria ao céu que tivesse ar condicionado, DVD, coca-cola na geladeira e mulheres agradáveis, e que eu pudesse praticar agradabilidades com elas, evidentemente.


É por isso tudo que sempre desconfio de pessoas que vem de baixo, que subiram com esforço próprio. Gente que suou muito não pode cheirar muito bem. Prefiro as que nasceram em berço de ouro: são mais autênticas e tem pele melhor. Gente que vem de baixo é muito competitiva, é gente que faz, gente vencedora. Tenho problemas com esse tipo de gente. Prefiro as que não precisam de vitória.
Você gosta de subir escadas ou prefere um elevador? 


Não pense, leitor estupefato, que falo que é melhor estar no topo porque eu ame o topo. Nada disso. O que preciso para estar bem, ou feliz, como todos os rostos do facebook, é muito pouca coisa. E tudo o que preciso se pode encontrar também no plano. Não o Plano Piloto, Brasilia, embora ali também. Plano no sentido relevante (de relevo): lugar de onde não se precise descer nem subir. Um lugar em que se valorize o ócio. Um lugar de onde se possa desprezar qualquer subida ou descida. 


Bem, minha filosofia do dia se deve a um passeio que hoje fiz, reinaugurando minha bicicleta, que voltou para casa depois de prolongadas férias de mais de dois anos. Desci pelo magnífico Parque de Águas Claras. Foi maravilhoso. Os caminhos são lindos, cheios de mato. No bom sentido: mato que não invade o espaço de quem anda, que fica ao largo dos caminhos devidamente limpos e asfaltados, nem muito largos, nem muito estreitos. O mato não te incomoda. Parece que até os infernais mosquitos e demais insetos típicos da natureza ficam ao largo dos caminhos, como se fosse proibido invadir a pista por onde desfilam pessoas que prezam a saúde, algumas das quais bastante interessantes de se ver, especialmente com as roupas que usam para praticar o estranho ritual que as mantêm bastante interessantes de se ver.


Foi maravilhoso descer de bike (sou moderno) aquele parque realmente muito bonito e aprazível. O cheiro da vegetação, o ar fresco a lamber o rosto, a sensação de liberdade, tudo isso não tem preço. Mas se uma coisa eu aprendi com a vida, e especialmente com o dia de hoje, é que, quando a gente desce e não tem um carro te esperando lá embaixo, a gente vai ter que subir. Maldição! A fugaz facilidade da descida não justifica o infinito calvário da subida. E olha que a bike é boa, tem milhões de marchas que, dizem, “facilitam” a subida. Facilitam... Tá bom. Tentei de tudo o que orientam os vencedores (argh!), os que adoram desafios (blargh!). Tentei mirar a próxima subida e falar assim: “você pensa que vai me vencer?” Dizem que isso dá força prá subir. Só que, juro, quando eu terminei a frase a subida respondeu: “É claro que vou te vencer, você vai enfartar nos meus braços, seu fraco”. Naquele instante, parecia que uma máquina gigante de fazer vácuo para conservar alimentos (minha irmã tem uma dessas porque meu cunhado adora comprar coisas tipo Polishop) tirava o ar de todo o parque.


Tentei me concentrar na música que estava ouvindo (Lykke Li, deliciosa). Tentei imaginar que a lindíssima vocalista cantava só prá mim, toda lânguida. Nada. Tentei pensar: “não tenho pressa, vou devagarinho”. Tentei optar por ser feliz. Pungente bobagem. Tudo inútil. Cada vez mais cansado, quanto mais eu pedalava, mais aumentava a distância a percorrer para eu chegar em casa. Uma velhinha toda curvadinha que andava apoiada em sua filha, que também já era bem passada, tentou me animar, o que, evidentemente, me destruiu ainda mais. Tentei tudo o que é aconselhável para conseguir vencer a distância e as subidas, mas estava cada vez mais longe de casa e cada vez mais perto de um cara que estava me seguindo. Ele usava uma roupa preta estranha com um capuz que lhe cobria o rosto. Ele também empunhava uma foice. Podia ser pior, por exemplo, podia ser o Brad Pitt em Encontro Marcado ou o careca gozador que gosta de jogar xadrez em “O Sétimo Selo”.    


Bem, você deve estar pensando que, se estou escrevendo este pôsti, então é porque nada de errado aconteceu. Você é capaz até de julgar que estou exagerando. Sim cheguei, é bem verdade. Sim, eu me esforcei muito, suei demais, mas cheguei onde eu queria. É isso que você queria ler? Tá bom, escrevi. Agora vem até aqui, na minha casa, pra sentir meu cheiro (você acha que consigo ficar em pé ou mesmo caminhar até o chuveiro?), pra ouvir meus gemidos de dor na musculatura dos quatro membros de que disponho. E não imagine que, depois de tudo isso, eu disponha de um quinto membro. Sem chance, pelos próximos meses, ou anos, estou absolutamente incapacitado de fazer qualquer tipo de esforço físico. Nem os agradáveis. Alessandra Negrini, nem sonhe em me ligar, "não é com você o problema, é comigo!"


Isso me lembrou do trecho final de In Extremis, poesia de Olavo Bilac, um de meus ídolos da juventude:


E eu morrendo! E eu morrendo,
E vendo-te, e vendo o sol, e vendo o céu, e vendo
Tão bela palpitar nos teus olhos, querida,
A delícia da vida! A delícia da vida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Blog Widget by LinkWithin