domingo, 6 de janeiro de 2013

POST PROIBIDO PARA PESSOAS SENSÍVEIS E MAGOADINHAS

Quem fica parado é poste!

Portanto, eis-me aqui, saindo da condição do artefato geralmente usado para dar suporte à iluminação pública e a fios de alta tensão... Até porque minha tensão anda baixa.

Eis aqui o Cobra, tentando, não mais parado, engolir novos sapos... Ou sapas... Ih, acho que me compliquei. Com “sapas” me referi às fêmeas do sapo, metaforicamente, é claro, e não às moças que gostam de moças. Não que eu não queira engolir algumas delas, mas duvido que elas queiram. E eu as entendo perfeitamente.

Bem, como se vê, nunca fui muito bom com preliminares. Deixo, pois, os entretantos e parto para os finalmentes comunicando que 2013 se inicia com a rendição do blog à grafia em inglês: este blog, este post, e por aí vai.
A rendição não se restringe aos anglicismos, mas a outros povos com mais identidade que o nosso: este povo brasileiro é um povinho de merda! 
O que? Levou um choque? Eu também. Mas é isso mesmo: povinho de merda! Pelo jeito, terei que me explicar... Mas aviso que vou me ater aos motivos culturais, mais precisamente relacionados ao cinema, tema principal deste blog. Quanto às outras esferas, os menos nacionalistas e menos crédulos (mais inteligentes, portanto) saberão achar, na política, nos costumes, no modo de vida e na pobreza de espírito do brasileiro médio, motivos mais do que suficientes para concordar com a fecal qualificação.

É óbvio que não estou falando do povo dotado de alma, espírito e identidade, mas do povo real, do povo que quer ser, não sabe o quê, desde que seja igual à maioria. Falo do povo gado, do povo barata, que saiu dos esgotos e habita as ruas, se acotovela nos shoppings e nas filas; falo do povo inconsciente que vaga à procura de dançar conforme a música; falo desse povo de mentira, que não é nada querendo ser tudo. Falo desse povo que, depois da música-encomenda dos anões breganejos (“cerveja, cerveja, cerveja”) acha o máximo ter a cerveja como objetivo principal em suas vidinhas xexelentas.

Esse povo não é capaz de compor coisas como “mas veio lá da penha hoje uma pessoa, que trouxe uma notícia do meu barracão, que não foi nada boa: já cansado de esperar, saiu do lugar, eu desconfio que ele foi me procurar” nem “é a ceguêra de dexá/um dia de sê pião/num dançá mais amarrado/pru pescoço cum cordão/de num sê mais impregado/e tomem num sê patrão”. Nem de entender nada disso. Esse povo não compõe nada muito diferente de “ai se eu te pego...” ou “seu guarda eu não sou vagabundo, eu sou um cara carente...”.

Esse povo se acha culto lendo 50 tons de cinza e se acha o máximo se escorando no fascismo do politicamente correto. Ainda ouviremos alguém com uma nova interpretação da música do Jorge Bem ou Benjor. Imagino um desses furrecas tipo Seu Jorge ou Cláudia Leite cantando, num show patrocinado por uma ONG que recebe uma baba do governo: “a banda do Zé Afrodescendentezinho chego-ou para a-a-a-animar a festa”.

Restringindo-me ao cinema: esse povinho de merda (sim, de merda) desconsiderou a existência da belíssima, interessante e muito bem filmada saga/aventura dos irmãos Villas-Boas, tema do filme Xingu, de Cao Hamburguer, que faria muito sucesso em qualquer país minimamente civilizado e interessado em suas próprias raízes, mas que no Brazil foi um fracasso de público. Mas veja o público que se acotovela para ver o odioso “O Hobitt”, filme de quase 3 horas de duração, que tem, na primeira hora, uns adultos disfarçados de anões fugindo, em cavalos disfarçados de pôneis, de uns carecas deformados chamados de Orcs. Na segunda hora, idem. E na terceira hora, adivinha o que tem? Bingo: os anões fugindo dos Orcs. Sensacional, não? E o povo lota os cinemas. Os que querem ser inteligentes afirmam, juram de pés juntos, que há uma filosofia por trás dessa chatice interminável. E talvez até haja. Mas e quanto a se arriscar a desbravar um sertão inóspito e de dimensões continentais país e proteger toda uma nação indígena da extinção? Não há filosofia alí? Não há aventura?

Não se trata de nacionalismo. Não acredito em “defender” ou em “valorizar o cinema nacional”. Isso é uma bobagem. Trata-se de se interessar pelo que é bom e culturalmente relevante no lugar de consumir qualquer coisa que vende muito, muitas delas verdadeiros lixos.

Por exemplo, o ótimo e emocionante, além de culturalmente relevante, filme sobre Gonzagão e Gonzaguinha foi visto por muito menos pessoas do que as bombas de humor populacho tipo “E aí, comeu” ou “Os penetras”, pífias reproduções do que há de pior na TV. Se botarem Zorra Total no cinema vão ganhar rios de dinheiro.

Tivemos o ótimo documentário sobre Raul, o tocante, sensível e importante “Cara ou Coroa”, de Ugo Giorgetti, que ninguém que está lendo este post viu. Mas também tivemos os sensacionais “Aqui é o meu Lugar”, com Sean Penn, e “Moonrise Kingdom”, de Wes Anderson, filmes para ver e rever zilhões de vezes.


2012 foi um grande ano para o cinema, aqui e lá fora. Aqui, as moscas e o povo real viram grandes filmes, inclusive brasileiros, ignorados pelo povinho de merda, cada vez mais afundado no seu jeito “amo cerveja” de ser. Por um lado é bom ver os bons filmes sem filas e sem baratas ao redor. Por outro lado é preocupante pensar que logo, logo, o cinema brasileiro seja completamente feito de lixo, tão apetitoso para as baratas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Chato e óbvio.

Tio Moa disse...

Também achei "O Hobbit" chato e óbvio.

Panta disse...

Não vi (nem verei) "O Hobbit" mas tenho certeza de que é chato e óbvio.
bjs. Panta

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