Bem, ouça isso (link abaixo). O som é maravilhoso e mágico desde o início (também, com as essas feras..). Mas aos 40 segundos, a coisa não é mais bonita, nem maravilhosa, nem reveladora: é divina, ops, Divina. Deus entra travestido de Roy Orbison com o verso
I still have some love to giveWon't you show me that you really care
Veja até o fim, porque Deus entra de novo na segunda parte.
Bom, se você, caro leitor deste blógui semi-evangelizado, pensa que estou brincando, que isso é desrespeito com Deus, pense no seguinte: se Deus se manifesta nas pequenas coisas, em que tipo de pequenas coisas Ele escolheria se manifestar, já que o mundo é composto, basicamente de quaquilhões de pequenas coisas?
Talvez na igreja? Talvez... Mas, pensando bem, ao contrário do que se fala, uma igreja não é o tempo de Deus, mas de uma determinada religião.. E religião, sei não... Pense em todas as atrocidades que se cometem, desde os tempos imemoriais até os dias de hoje, em nome da religião. Pense em todas as guerras, em todos os dízimos, em todas as riquezas das religiões... Em toda a pedofilia, em toda a associação com os poderes dominantes. Pense que o Papa, na África assolada pela AIDS, pediu para não usarem camisinha. Pense nos Edires...
Deus faz as coisas de modo enigmático: depois de eu escrever, inusitadamente, um pôsti sobre Deus, passei pela NET e vi, no HBO, um trecho de uma stand-up comedy, com Bill Maher. O cara não gosta muito de religião... Estava falando sobre o Deus que as pessoas inventaram. Um Deus que tem um filho, Jesus, de uma virgem... Bom, aí estão lá, Pai e filho.
“E aí, paizão, o que a gente vai fazer hoje?”.
“Que tal descer à Terra?”
“Legal, e o que a gente vai fazer lá”.
“Bem, não é bem a gente... Você vai sozinho”
“E o que eu vou fazer lá?”
“Bem... como dizer... você vai lá ser crucificado. Legal, né?”
“O quê?”
Finaliza Maher: que pai faz isso com um filho?
Bom, caríssimo leitor temente a Deus (estranho essa coisa de temer, não é?), se você acha que estou exagerando, que as religiões não são tão más assim, que na verdade as pessoas buscam as orações e as rezas como forma de se aproximar de Deus, veja esta: sabia que todos os boleiros, profissionais ou não, jogadores do Corinthians, do Flamengo, do Jiripoca FC, do seu bairro, e até o seu namorado que joga bola no fim de semana e disputa algum campeonatinho do clube ou da empresa, todos eles, absolutamente todos, são devotos e fazem um ritual, igualzinho em todos os gramados e campos de terra, e a TV, vira e mexe, está mostrando sempre com um comentário ressaltando a “espiritualidade” dos jogadores? Antes de entrar em campo, os jogadores, em roda, se abraçam e rezam “a oração que Ele nos ensinou”. É exatamente assim (por favor, não ria):
Eu disse para não rir. Mas compreendo, é difícil. Sabe o que fazem depois dessa comovente demonstração de espiritualidade guerreira? Vão para campo guerrear em nome do senhor, ops, Senhor. E dão pontapé, cusparadas, cotoveladas, se ofendem o tempo todo, e depois os vencedores saem agradecendo a Deus e os perdedores dizendo que se Deus quiser, com muito trabalho e fazendo o que o professor mandar, na próxima o resultado será melhor. Imagino Deus, se existisse em forma de um Editor de TV, como eles devem acreditar, tendo que escolher entre os dois times que o invocaram...
Kim Novak aparece, como que vindo do além, transmada em Madeleine, numa das cenas mais lindas e transcendentais da história do cinema |
Prefiro acreditar que, se Deus existe, e estão aí o Ar Condicionado e a Coca-Cola como provas cabais e Sua existência, Ele se manifesta na arte e pode estar, sim, num campo de futebol, mas só em raríssimas ocasiões, numa igreja (o Dedo de Deus, na capela Sistina, foi feito por Deus nas mãos de Michelangelo), em músicas, como a que citei, ou no cinema, como por exemplo quando Hitchcock é tomado por Deus ao filmar Kim Novak, diante de um perplexo Jimmy Stewart e sob a luz verde do neon que invade o quarto, sair do banheiro, definitiva e completamente transformada em Madeleine. Uau... Meu Deus!
E por falar em verde, não tem como deixar de ver, por estes dias de volta das chuvas em Brasília, sob a palha de uma seca torrencial, Deus brotando naquele verde vivo e fresco, tão presente na nossa visão do paraíso.
Um comentário:
Deus (o maiúsculo é apenas em respeito às regras da boa ortografia ensinadas pela inesquecível Ervilha) de fato existe: ver esse vídeo foi uma experiência transcendental só possível por que em cada quatrilhão de pequenas coisas (exclua-se aqui duas pequenas coisas: o justin biba e o luan sentana). Deus (maiúsculo outra vez) de fato existe pois, entre quaquilhões de pequenas coisas pra cuidar, guiou minhas inábeis mãos para as respostas certas naquele concurso para a ESAP e garantiu (em sua oniciência) que eu conheceria o Vovô Móça e, assim, como um milagre, pudesse agora escrever esse comentário.
Snifff.......
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