terça-feira, 7 de agosto de 2012

AINDA LONDRES 2012 - SALVE A SIMPATIA!


Stanislaw Ponte Preta, cujo sobrenome certamente não escapou ao atento leitor do Cobra Parada, foi um genial cronista, jornalista, humorista, radialista e mais um monte de “ista” brasileiro. Seu nome verdadeiro era Sérgio Porto. Por mais que eu tenha me esforçado, jamais consegui comprovar a evidente ligação entre o sobrenome do pseudônimo e o time mais amado do Brasil. Pois o Ponte Preta cunhou a expressão FEBEAPÁ, que usava para falar sobre o Festival de Besteiras que Assola o País. Era tanta bobagem que ele ouvia e lia, que tinha que botar prá fora. Qualquer hora eu pego o livro, delicioso, e ponho alguma coisa por aqui.

Pois é assim que me sinto em relação à cobertura das olimpíadas. É muita bobagem. É um dizendo que o cara estava "literalmente focado", como se tudo estivesse escuro e houvesse um holofote sobre ele. É o outro que só percebeu que a decisão do tenis masculino era em melhor de cinco sets depois de quase duas horas de jogo. "Ah, nao é match-point, é melhor de cinco". Tem mais: narrando a natação o cara dizia "Lá vem Phelps, está chegando, vai bater para o ouro, é o ouro, é o... ih, ainda não, tem mais uma volta". E não é só bobagem, evidentemente. Há coisas sujas, mas há as belas também. Enfim, venho recebendo tamanha saraivada de falas, imagens, impressões, emoções e o diabo a quatro (veja que grafo “diabo” com letra minúscula, pois só o Chefe merece letra maiúscula na inicial), que minha pobre e combalida cabeça explodirá caso eu guarde tudo somente para mim. 

Dito isso, caro seguidor, amado amigo, e casual leitor, venho pedir-lhe permissão para vomitar mais algumas coisas sobre as olimpíadas.  Espero que seja mais divertido. Haverá até premiações! Então comecemos:

Troféu “Cala a Boca, Tio Moa!”
Volei feminino do Brasil vence russas, no peito (e charmosos glúteos) e na raça!
E o troféu “Cala a Boca, Tio Moa” de hoje vai para as meninas do vôlei. Desde aquelas olimpíadas em que perderam um set (e o jogo e a medalha) para a Russia, depois de estarem ganhando o set por 24 a 19, que elas vem sofrendo com a qualidade e a frieza das russas, mesmo quando elas, as brasileiras, são favoritas e em boa fase. Hoje jogariam, novamente numa olimpíada, contra as Russas, que atualmente são uma das favoritas ao ouro e estão jogando muito mais que as brasileiras. Quer melhor hora para amarelar? Pois hoje, certamente estimuladas por este blógui, que classificou como perdedora e amarelona a alma dos brasileiros, as meninas resolveram calar a boca do Tio Moa. Mesmo com os altos e baixos naturais de um time que não está no auge, jogaram muito! No quinto set tiveram seis match-points contra. Seis! E salvaram todos, um por um, com bravura indômita e frieza nórdica. Quando finalmente viraram o placar e tiveram o primeiro (talvez o segundo) match-point a favor, cravaram. Foi realmente emocionante e épico. “Fala, agora! Fala, seu bosta! Diz aí: quem é que amarelou? Cala a boca, Tio Moa!" 

Troféu “Salve, Simpatia!” – 1
Ross e Kessy: vitória da simpatia sobre a sisudez
O primeiro troféu “Salve, Simpatia!” de hoje vai para as americanas do vôlei de praia, Ross e Kessy, que eliminaram as mega favoritas brasileiras Larissa e Juliana. Ganharam porque são melhores? Não! Ganharam porque são mais simpáticas!  Vejamos: naqueles 13 graus, naquela chuva, a torcida tremendo de frio estava lá para quê? Para ver pernas, para ver bundas, é claro! As brasileiras entraram encapotadas, com roupas de mergulho, escafandro e o caralho a quatro (caralho no sentido lato). Já as americanas, que nem são as mulheres mais lindas do planeta, entraram com suas lindas pernas branquinhas e lisinhas totalmente de fora, e ainda por cima com biquíni branco, mais revelador. Isso é que é conexão com a torcida! As brasileiras, melhores, ganharam o primeiro set e dominavam facilmente o segundo, mas sempre carrancudas, mesmo quando ganhavam os pontos. A mega-chata da Larissa, com aquela expressão de matadora, se achava no direito de dar bronca na colega, mesmo quando era ela que havia errado, como quando errou uma cortada sozinha e disse à colega “Porra, meu! Cê me dá uma manchetona alta daquela! Levanta direito!” A Juliana devia gritar prá ela “Cala a boca, sua bruxa, que meu ouvido não é privada!” Não é brincadeira: elas estavam ganhando o segundo set e eu já estava irritado de ver aquilo. E as americanas? Sempre com expressão leve e animada, a cada ponto, ganho ou perdido, sempre se apoiando uma à outra, enquanto as brasileiras lá, carrancudas, focadas! Não tem nada chato do que gente focada! As americanas sorridentes e de pernas de fora, conquistaram a plateia, este que escreve e ainda por cima os pontos necessários para a virada. Salve a simpatia!

Troféu Salve, Simpatia – 2
Arthur Zanetti, medalhista de alma leve
Ontem o simpático Arthur Zanetti surpreendeu o mundo com a primeira medalha brasileira, e logo de ouro, na história do atletismo olímpico. Lembra aquele movimento em que ele, em cruz e de bruços, fica paradinho, primeiro um pouco mais abaixo, depois um pouco mais acima? Sabe por que ele conseguiu aquilo? Porque, além dos músculos e da técnica, ele tem a alma leve. Se a alma dele pesasse 3 gramas a mais, não aguentava aquela posição. A alma leve e simpática do rapaz se mostrou também na hora em que soube da vitória e no pódio: sem aquela choradeira chata. Só a alma leve, sorriso gostoso, alegria genuína. Nada de chororô! Não foi redenção, foi vitória. E depois ainda aguentou aqueles repórteres chinfrins daquelas redes chinfrins tentando de tudo para fazê-lo chorar, apelaram até para a avó dele, mostraram ela vibrando e chorando. E ele? Simpático, disse “que legal” e bola prá frente!. “Não é possível que esse cara não chore”, deve estar vociferando o editor. “Nós tentamos de tudo, chefe”. “Pois tenta mais, procura”. “Onde, chefe?” “Sei lá, o repórter é você. Não é possível que esse cara não tenha algum amigo antigo internado com câncer terminal para dar uma declaração ao vivo”. Eles querem mais é choro! Mas o Zanetti está lá, simpático e pimpão como ele só, curtindo a medalha, sem choro nem vela! Salve, simpatia!

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