segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Incrível História do CPNES - Parte 9

Hoje é segunda, dia de continuar a biografia não muito autorizada do “Cobra Parada Não Engole Sapo”, grupo cuja atuação no início dos anos 80 mudou a cara de Brasília, do Brasil e, por conseqüência, do Mundo, no campo das artes, da política e da filosofia. Mas deixarei a continuação da história para contar algo que acaba de acontecer.


Já falamos de vários membros do grupo. Já vimos que o CPNES influenciou fortemente os principais expoentes do rock brasileiro dos anos 80, como os Paralamas, o Capital Inicial e os Titãs. É sobre isso que quero falar. Sabem quem passou um e-mail pedindo meu telefone? Ele, Herbert. Pouco tempo depois me ligou e falou que descobriu o blógui através de uma assessoria que ele contrata para vasculhar o que dizem sobre ele na internet. Perguntei que tipo de assessoria. Jurídica, respondeu ele. Em seguida disse, em um tom muito amigável, que é sempre bom relembrar coisas distantes, principalmente (aqui já falou em outro tom) quando elas de fato aconteceram.

Concordei e falei que o tempo torna as coisas imprecisas. Falando em imprecisão, tornou Herby, existem algumas diferenças entre o que você falou e o que aconteceu. Pois é, respondi, às vezes a gente esquece alguma coisa da qual outros se lembram perfeitamente bem. Por exemplo, continuei, você pode se lembrar de coisas sobre mim, que eu mesmo não lembro. “Mas como, se eu nunca nem te conheci?”

Sabe quando a gente fica mudo? Eu fiquei. Imagina, o Herbert falando isso para mim. E com uma assessoria jurídica por perto. Se ele falasse que não se lembrava, tudo bem, mas que nem me conhecia? Eu não sabia o que dizer. Fiquei mudo por vários instantes. Susssspirei bem fundo. Aí ele começou a rir solto. “Brincadeirinha!”, acrescentou.

Ufa, que alívio.Mas que brincadeirinha mais tola, pensei. É claro que me lembro, ele continuou. Não exatamente de você. mas da peça, sim. Foi forte. Bom, já são quase trinta anos. Lembro que ouvia falar de vocês e fomos conferir, lá no SESC Garagem. E o que falavam da gente, perguntei. “Sei lá. Coisas do tipo ‘é um grupo político’, ou ‘ é tão ruim que é bom prá caralho’, 'muito engraçados'.” Herbert disse que foi ver a gente sem esperar nada, mas que saiu chapado.

Foi nos ver sem esperar nada, mas saiu chapado? Fiquei sem entender essa parte. Terá saído chapado da peça ou da casa dele para ver a peça? Bem, nada disso tem a menor importância. Eu ainda estava, ao telefone, meio atordoado com a brincadeirinha dele. A seguir conversamos algumas amenidades até que ele finalmente falou o motivo de seu telefonema. Os Paralamas e os Titãs estão pensando em aproveitar o sucesso do show que recentemente fizeram juntos, e que virou CD e DVD, para gravarem, pela primeira vez, um CD de estúdio e só com inéditas compostas em parceria. Se isso se concretizar, irão se apresentar como um grupo com um outro nome, bem estrambótico, com cada um usando um pseudônimo, como os Traveling Wilburys (Roy Orbison, George Harisson, Bob Dylan, Jeff Lane e Tom Petty).

Achei a ideia sensacional, mas me segurei e perguntei, de modo frio, “e daí, que importância isso tem, o que eu tenho a ver com isso”.

Sabe quando o cara do outro lado da linha fica mudo, não sabe o que dizer. Ele susssspirou bem fundo e eu comecei a rir. “Brincadeirinha”, falei. Paguei na mesma moeda.... Ei Herbert, você está aí? Ele desligou o telefone antes que eu falasse “brincadeirinha”. Acho que demorei muito, não dei o tempo certo, sei lá. Meu telefone não tem bina, nem pude retornar para pedir desculpas e falar que era brincadeirinha.

Cinco minutos depois, toca o telefone. "Brincadeirinha", ele diz. Rimos muito daquilo. Herby é um cara legal. Voltou a falar do disco que talvez gravem e pediu a permissão para colocar no grupo o nome Cobra Parada Não Engole Sapo. E disse ainda que alguns já decidiram quais os pseudônimos que usarão. Disse que o Paulinho (Miklos) escolheu "Tiba", que o dele vai ser "Markovich" e que as meninas que farão os backing vocals seriam "Os Arletões". Eu disse a ele que, infelizmente, não tenho direito sobre a marca, nem tenho delegação de competência para assinar autorização nenhuma. Além disso, o grupo prefere o anonimato, e isso fatalmente atrairia a mídia, a imprensa farejaria e chegaria até nós. Por isso tudo, eu evidentemente autorizei na hora.

Por isso, autorizei. Ele riu, agradeceu, disse que para minha própria segurança a conversa havia sido gravada e desligou.

Vou acabar o pôsti já para sair vou correndo comprar um telefone com bina. Semana que vem continuo a incrível história do CPNES, quando falarei do Porreste, do Perroní e do lépido Valter.

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